Imagem: Málaga
“Uma
melodia que ouvimos de olhos fechados, pensando apenas nela, está muito perto
de coincidir com esse tempo que é a própria fluidez de nossa vida interior...”
Henri
Bergson
Todo
mês um dia, o ano que se aproxima,
Uma
vida distancia-se,
flor
explode o coração no ensaio que dos olhos firmes,
espanta
solidão, todo mês a mesma via.
Todo
ano que chega ao fim, uma dor se aproxima,
uma
vida a discorrer, um poema de interlúdio,
todas
as notas, todas as músicas, fim do mundo.
Todos
os lugares no coração, um ser que viaja,
viver
no sol da Andaluzia, frio da Serra da Estrela,
um
dia entre o céu e o pensamento, ruas e destino.
Todas
as edificações e o Distrito da Guarda, o alto dos morros,
Viver
a luz de Lisboa, a ribeira do Porto,
aos
trilhos entre Paris e o Mediterrâneo.
Todo
o dia a luz a acordar, vê sonhos pintalgados a serpentear extensão do corpo.
O
espreguiçar da vida, uma roda de turbante, os passos, entre trens, a nuvem leva
a nado o corpo que vive entre águas.
Toda
manhã, a sombra desce a montanha,
ao
lado de sua companheira, dois passos, um gole, a vida e o rio desce o pouco que
pode ainda – Pensamento.
O que
não tem espaço em teu heracletiano lastimoso de lágrimas e música desce correntezas.
Dois
a observar o mundo: passa o tempo, nem a morte os alcança.
Deus
do inverno é o mesmo do castigo que incendeia o corpo congelado.
Estão,
num outro nível de prazer, disse-me a voz misteriosa –
“Descem o rio - no corpo de um barco
criado na ilusão dos mortais, eles afundam, cada dia de minha vida num espelho.
A verdade vem das águas.”
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