domingo, 26 de agosto de 2012

O equilíbrio



“Não se trata, para mim, de opiniões, mas de necessidades.
Não se pode ter o ideal da sinceridade e mostrar apenas os lados bonitos,
as partes imponentes de seu ser.”
Hermann Hesse



As mãos ensanguentadas dizem tudo, minhas mãos assassinas dizem nada,
Eu percorro a vida como se fosse a morte,
Caminho em cima dos teus ombros como se fosse a última noite de bebedeira,
Um sorriso em tua nuca, os cabelos em minha boca,
a língua esconde o tempo das paredes envelhecidas.
Dos teus olhos, de tua boca sedenta, os lábios sem dizer adeus,
eu que me afundo em noites sem fim.
Eu misturo o fumo com a guimba, os restos da solidão em dor.
Eu nunca digo que te esqueci.
Não misturo a dor com a solidão de uma noite.


Um comentário:

Marta Maronez Cigaran Chaves disse...

a lingua esconde o tempo das paredes envelhecidas...que coisa mias linda, belíssimo!

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...