sábado, 1 de outubro de 2022

Nadadores

 

  


“nadar se tornara uma espécie de fuga.”
F. Scott (1929)

                                                                

O amor é promessa. Perene é a válvula poética, é adentrar às palavras no vagar dos sentidos ao imaginário. Amar as águas que te salvam do tédio é a existência em sua finitude. Flexão do corpo na curvatura dos braços, o movimento cadenciado, pernas no ritmo do esquecimento, a perenidade da vida, um navegar longe.

É o afastar-se das luzes da cidade sumida. O fantasma de um lugar, é ir perder no horizonte dos encontros, do abandono fortuito. A terra firme transparente em beleza, uma mulher deixada no continente. O mar aberto traga os sonhos. A devoção do corpo levado nas escadarias da igreja dos deuses no consolo das águas, os esquecidos que afogam suas mazelas da vida hão se ser esquecidos para toda eternidade.

O esquecimento do ódio, a negação da violência é a fuga do mal nas águas a levar o corpo de um homem que nadou a vida inteira. Morto nos sonhos.

 

Enfim, o outro lado, salvo do egoísmo das relações e restos de mágoas. A velhice nos corais da pele. O amor tem propriedades naturais da vida marinha, calcificado na parede da alma, resplandece na voz de Amy. A roupa do tempo em sua profundeza em águas rasas. O acalento da alma, e mesmo longe da terra, ter a plenitude vital do corpo solitário com o olhar do seres imaginários é instante proibido das paixões.

A lembrança do Outro, querer salvar a vida em águas turbulentas, flutua com as nuvens, e a dor se confunde a tua pele, teu cabelo raspado pela dor da vida rasga a dor do tempo na caneca de café.

Um hino inútil, instalação, olhares distantes, teus beijos rasgando os dias. Encontro dos amantes. Eu reunindo folhas, o tempo pressupostos. Um ano nas tuas custas existenciais.

MORDI A ISCA!

Minha última braceada morre no fascismo.

Eles não passarão!

 

 


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