Minha dor permanece atenta,
os olhos capturam a infância
a cidade é mais um detalhe dessa dor,
as ruas povoam o medo circunstancial.
Meus irmãos sofrem, sentem, olham,
e a cor do espelho na solidão,
a imagem dos esquecidos,
um caminhar lado a lado,
um sonho de cumplicidade.
Se o fim existir, se tudo isso vir: o agora,
Ser da existência for a permanente,
será o último poema na luz dos olhos.
Entregar em casa teus doces,
Um exemplar não sorvido,
Uma dança no bar do trem noturno.
Quebrei todas as minhas taças,
Amaldiçoei os descuidos, costurei meus
erros.
Te olhando, dobrei todas as roupas, vesti a
vida.
Arrumei as vestes, rosto lavado de
lágrimas,
O sorriso banhado na saliva.
Abri a porta, deixei a geladeira no mesmo
lugar,
cerrei as janelas, tomei o último gole de
vinho,
e saí no vácuo do amor.
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