“... pois essa atitude estava em
harmonia com a dignidade que lhe conferia o ato de ‘reinar’, em face da forma
sublime que lhe pairava ante os olhos.”
(Thomas
Mann – A montanha mágica)
Toda manhã retorna a seu
tempo, os dedos alcançam o lugar mais distante, o que está oculto, através do
espelho, reflexo do tempo, o relevo, a textura, o ar denso, o movimento, o ar
da vida, a respiração do outro lado, é a constante presença, a constituição da
vida.
O presente pulsar, a
certeza da existência. O vento corta as paredes, invadindo a palavra no cristal
que reflete sinais vitais, a finitude das coisas. E o pensamento que percorreu
décadas de sonhos, desde o adeus, os retornos tantos, a concretude das palavras,
o mistério das paixões, todas as dores na poesia, e tudo dentro da esperança no
eterno retorno do tempo refletido no espelho e uma mala quase vazia atrás do
sonho. Castorp foi, a vida arrastou-o pelo mundo. O amor, um coral escondido no
fundo do mar, a sua salvação preservada em todos os séculos. E lá estava ela de
braços abertos.
A idade, a gula dos dias
de sonhos, o acaso contínuo, o movimento, morada da fome, uma vida e tanto para
o retorno sem fim. A infância está lá ainda, o espelho do tempo, um tanto de
amor em fragmentos, em cubos de totalidades, a fragilidade do pensamento. Essa
força na escrita que vem de ti. O caminho de casa, a ilusão da volta,
estilhaços de nuvens, a poesia e quase todo o desenho no céu da criança.
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