“Quando não chega carta planejo arrancar o calendário
da parede, na sessão de dor.”
Ana Cristina Cesar
Andas beijando meninas e meninos, claro, não na mesma ordem. Eu beijei por última vez uma parede, aquele velho porta-retratos, enquanto voltavas de viagem, anos 1980 dos velhos amores. Estou pronto ao novo tempo, o distanciamento trouxe na bagagem a solidão, o passado das outras vidas que vivi se aproxima na mesma intensidade viral da poesia em movimento. Foi como um tsunami, a força das águas levou meus sentimentos para além desta cidade.
O vírus espalha sombras do esquecido, ele
não consegue entrar no que se fecha, cerrado, o peito fortalecido pelo
respeito, a solidariedade, não o medo, este já existe em todos os cantos deste
país. Janelas abertas, sol que entra junto com a lua, invasora do
acontecimentos.
E penso em tê-la visto depois da janela,
cruzou de mãos dadas com a vida, distante dos que negam a própria vida. O
caminhar seu de mãos dadas com os passos largos da Vida, que é à base de amor:
dedicação, solidariedade e respeito ao desconhecido, o medo é tudo isso, mas és
mais forte que eles todos.
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