“[...] em virar a cabeça para ver as trilhas que foram
percorridas; é um produto da reflexidade.”
Paul Veyne
Como
já dizia o pensamento:
O
dia nublado fecha os olhos dos que não sonham.
O dia
abre a mente dos sonhadores.
Entregue
ao tempo a recusa do medo atroz,
e o
desejo desfaz a solidão do medo arrebatador.
O
dizer nas águas que bate forte, o sopro do dia,
o
vento que destrói a longa jornada do tempo.
Depois
de tudo, o corpo em frente ao rio sem fim,
tal
qual guerreiro no despertar da vida, mesmo sabendo da morte, enfrenta a
escuridão do ódio contra o que se refugia no pátio abandonado dos tempos
sombrios.
O
corpo se mantém lá. Parado. O pensamento a voar, dor e o frio tocam a música da
infância abandonada no rio de águas pesadas.
O
corpo retesado, na vertical da vida, os braços em movimentos, frágeis e
decididos.
A
dor é o devaneio que toma conta de todos esses anos que aos poucos desfalecerá
na idade.
Logo
o pensar: eleva tudo e todo pensamento à deriva.
O
corpo é uma legião de ideias,
Os
caminhos do rio na infância são difíceis,
Cruzar
a ponte, engolfado, levado pela correnteza.
Viver
todas as idades a partir da viagem primeira.
Abaixo
das águas quentes jogadas da usina,
Lá
está o menino salvo.
Uma
grande façanha, sua primeira aventura.
Atravessou
de margem à margem em braceadas de uma vida.
Um comentário:
lindo texto, viajei no tempo.
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