terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Sonhadores

     Rio Douro - by Dordio Gomes (1890-1976).


“Como se pudéssemos erguer um só alento
ante o término do alento.”
Paul Auster (poema No fim do Verão)

Gosto de brincar com as palavras, como se meu pensamento voasse da terra ao mais distante lugar, que nem o sentimento mais fraco alcançaria, pensar frágil na força do voar, como se lá pudesse penetrar palavras singrando o voo entre água e céu, um veleiro a sair da profundeza das águas escuras, aos poucos muda a cor, o límpido do pensar, a água se misturar com o olhar que sobe na distância a perder de vista. Como se juntasse o mar com o céu, o veleiro de um lado ao outro, serpenteando o tom de cores e textos, que ao subir sem jamais retornar à terra. No fundo o dia se pondo, o vermelho do sol, como o mar a transmutar no deserto ardente, na trajetória das fugas, no inventar dos lugares, existirá um pensamento eclíptico em consonância dos dias com o corpo. O fogo no coração, os olhos líquidos rumo ao escuro das águas. A noite alcança o corpo que descansa à deriva.

Um comentário:

Dinah Lemos disse...

Vim te ler. Estou gostando. Vez em quando dou uma passada por aqui...

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