sábado, 13 de abril de 2019

Exilados

                                    William-Adolphe Bouguereau


“E ele esperava agora conduzir o cortejo de sua vida, como a locomotiva lidera o trem [...]”Paul Bowes (Que venha a tempestade)




Nem toda dor e solidão frequenta os sábados, nem toda noite é tolerante aos que vagueiam, é o lúgubre andar passante que mira o fim do dia que espanta o mal, se esconde da escuridão no noturno café dos exilados.

Conviver com o sonho dos que não dormem cedo, dos que não encostam a cabeça no colo da noite é privilégio dos solitários.

A Soturna passeia, ela dorme até mais tarde, permanece até depois do primeiro raio de sol escorrer o corpo estirado em um lugar qualquer do tempo.  

A noite é mais perto da vida que da morte, então, vamos pensar no que fazer da vida enquanto temos sonhos com a Soturna.

Nunca esquecer a dor na escuridão de sonhos violados.
A vida é feita de fortuna passageira, de eternidade enganadora, é como a promessa das religiões, elas nunca sabem aproveitar os sábados de todos os gêneros, de todas as fomes, de todos os desejos. Soturna sabe disso.

Não existe fantasma nos sábados, existem espectros humanos perdidos. A capacidade de voar nas asas de ceras, de poder atravessar a escuridão da vida, nos sábados de todas as etnias é saber viver entre humanos. Soturna esconde seus segredos.

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