terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Livros Nadam

     Henri Matisse



“Não beberemos lá da água da vida.
Não ficaremos curados.
Não veremos sinais.
Lá simplesmente teremos sido.”
Peter Handke


Um livro tem que ter textura,
folhas que cativam, páginas a iludir,
tempo de esquecer e lembrar.

O livro é o descanso da vida,
a evocação do desconhecido,
fonte suficiente para as ideias.

Espaço da linguagem e da dança,
as letras deslizando no pensar:
o livro é o mundo, um novo alimento ao Ser.

De todo o sentimento, o sentir é o caminho ao nada:
estar sob o domínio da palavra, a cobertura da vida,
um bolo cheio de ideias para se comer.

Da escrita nasce o poema, a dor morre junto,
no haver, a língua, a dobra do querer,
o fim do livro é o convite para o não esquecer.

A memória está salva, a nossa língua aprende nos livros,
na linguagem que desfaz a solidão,
o translucidar do conteúdo em forma.

Tudo é claro e oculto,
o tempo se fixa no ilimitado,
tem de existir, depois poder morrer nas páginas.

Existir sem o seu criador,
depois saber Ser,
Nadar nas águas do desconhecido.

(Post scriptum: Só escrevo o que sinto. O Nada edificante, o poético lava a alma, ao nadar estou vivo, ao ler estou mergulhado.)

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