domingo, 8 de novembro de 2015

Uma tal senhora Beauvoir



“É porque não aceito as fugas e as mentiras que me acusam de pessimista...”
Simone de Beauvoir

O que permanece escrito e não compreendido não é mais um hieróglifo, não participa mais do histórico lastro da linguística que identificava os significados através da escrita. Hoje, podemos dizer que o não pressuposto ato de ver e não identificar é mais um sintoma viral do século XXI. O que chamo de burrice proposital, ou então, do silêncio hipócrita das direitas e dos empedernidos esquerdista que acompanha o som dos imbecis. É uma mistura nonsense que anda solta nas páginas dos obsoletos jornais, das redes sociais, que percorre os planaltos, praias, palcos até moldar o conformismo da opinião pública.
Ontem lendo um velho livro, velho, porque foi escrito por uma senhora que marcou demais a cultura ocidental com suas ideias inovadoras, libertadora e provocante em certo momento histórico. Para que agora seja relida, consigo perceber, a muitos é parte do esquecimento, sim, esquecida, mas também pudera, aqui se lê, aqui se escreve e morre de esquecer o lido e o escrito. Volto ao texto lido, se trata de um belo livro, às vezes superado, mas não é isso que se tem de melhor dele, é o que ainda hoje permanece intacto, pois tanto tempo para melhorarmos e só pioramos as coisas. Está aí para ser lido um pouco mais da velha senhora Beauvoir no livro “Tout Compte fait”, o “Balanço Final.
“Quis fugir dessa opressão, prometi a mim mesma que a denunciaria. Para defender-me dela, apoiei-me desde cedo na consciência que tinha de minha presença no mundo; o mistério de seu aparecimento, sua soberania, ao mesmo tempo evidente e contestada, o escândalo de sua futura aniquilação: desde muito pequena, esses temas me mobilizaram e ocupam lugar importante em minha obra.”



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