Andres Kertesz
“O olhar do outro afeta o meu de um índice de cegueira.
Mas a cegueira provoca a imaginação.”
José Gil
Eis a questão que me envolve às vezes na
reflexão, se existe existencialista pós-moderno, depois, em outra linha do
pensar, digo a mim com a convicção própria de um homem do século XXI, se é que
existe mesmo, é o pós-moderno existencialista.
Se existisse ainda existencialista,
certamente não seria pós-moderno, seria um herdeiro do marxismo, seria um
saudoso homem diante de questões pós-cartesianas, dentro de um embate profundo
sobre a objetivação do sujeito.
Só que isso passou. Se hoje se fala de
existencialismo porque existe um resquício sartreano na linguagem que
atravessou o século XX, e permanece no corpo de muito pós-moderno
existencialista a extensão do tempo que se metamorfoseou, deixou de ter um
único ideal.
Tenho o pensamento no pêndulo do tempo, nas
ruas de Paris, assim como tenho o olhar na imagem da história e disso posso ter
uma certeza ‒ não a verdade que alguns intelectuais procuram ‒, mas o prazer de
ver essas contradições que habitam o homem deste século.
Esteticamente, na imagem das pequenas
percepções vive um existencialista, talvez o que resta do pensamento sartreano
no contemporâneo, no homem que bem ou mal, é o registro vivo de um tempo que se
modifica incessantemente.
Esse homem que vive no pensamento está
consciente de que o pós-moderno talvez não exista mais, a modernidade tratou de
matar toda e qualquer alternativa para a recusa do sujeito que ela mesmo forjou,
sua obra, hoje, está na agonia das incertezas. Não se deve culpar o homem por suas escolhas
erradas em princípios morais, em conjecturas filosóficas, muito menos em ideias
totalizantes. O homem é resultado dessas escolhas.
A história jogou ao tempo um homem que hoje
pode viver como um pós-moderno existencialista, até mesmo num esforço de força
metodológica, um homem estético da modernidade tardia existencialista.
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