“A alma jamais pensa sem
fantasia.” Aristóteles
Quão estúpidos são os
homens que creem que a vida é só viver; a vida é, também, renuncia, é deixar de
viver momentaneamente para se dedicar ao não vivido. Viver não é só gozar a
vida, é tudo, até mesmo morrer para viver melhor outro dia após outros dias.
Andei pensando esses últimos dias, enquanto viajava, lia, via coisas novas,
coisas que já tinha visto mas meus olhos renovados já passaram pela negação da
vida, questionava ao total abandono de um absoluto nas imagens. Tudo parece
novo, mesmo que já tenha visto, imagino o novo diante dos olhos, o sentir desse
espaço infinito por onde o pensar foge da imagem. Vejo outros mundos dentro do
mundo em que me adentro a ver. A vida do viajante é interessante porque nunca
consegue descansar a cabeça, sempre quer olhar e pisar mais o todo de qualquer
canto por onde passa. O viajante difere do turista, ele é quem conduz o roteiro,
quase sempre aleatoriamente, mesmo que organizado, ele consegue se perder, mais
adiante, ele consegue se achar e encontrar lugares já existentes; para o
viajante tudo é novo e eterno. O desconhecido é um livro a ser lido. Um eterno retorno
dentro de um conceito de vida, de viver e morrer por onde passa, pelos cafés,
pelos bistrôs por onde aporta seu barco. Cansado, toma seu café a perder de
vista os sentimentos, e, já a pensar como é bom esquecer sua origem, de onde
veio. É como os tempos em que os cafés reuniam o mundo, as ideias, agora alguns
viajantes. Nunca pensar o fim daquele momento que mais parece um descanso para
o corpo. A melhor forma de viver sem esperar o que encontrar, é viajar, é poder
ler descolado do leitor comum, é ler, sorver um gelado, um doce ao lado da
praia mais cheia de gente, é como ficar no sossego do rio, ouvir o som das
águas, ver o vento arejar as ideias, e retomar do esquecimento um pouco de sua
história deixada em cada lugar por onde cravou seus dentes. Assim, voltar para
casa um dia, é sempre bom quando esquecemos um pouco do caminho de casa e nos
perdemos para nos encontrarmos.
Um comentário:
permitir-se ao outro imprevisível... desobedecer os padrões do controle absurdo. Beleza pura!
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