quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Os acordes da vida


                                                                                                    A Heitor Villa-Lobos




Hoje eu acordei bachiano, acordes em meu corpo,
O templo da vida, a música é refúgio,  
O cérebro é como a casa da fortuna,
Sem movimento, o passo é solo sem som.
Os acordes do acordar trazem à vida o cheiro da floresta,
O voo do pássaro a purificar, lá no alto o céu,
é o chapéu que nos protege.
A floresta é a força que desce as águas, o árido país virou peça de museu de pedras.
O rio é a lembrança dos tempos, o passo voa abaixo do azul, o verde é húmico, desintegra e nasce mais adiante.
A riqueza do coração descansa, o sol ilumina o solo que cruza no som que vem do Amazonas até o sul do país.
Porque hoje, ao acordar, as bachianas me jogaram à dança.
O murmúrio da natureza no rosto do acordar é o vagar translúcido dos passos,
O rasgar do tempo atravessa o lamento do coração,
A terra não morre assim tão fácil, seria preciso silenciar o pulsar dos acordes que o vento traz da floresta.





Nenhum comentário:

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...