Firenze
A escritura é o fortalecimento e também poder ser o que se esquece durante o passar do tempo. O tempo aqui como conceito diante do que é visto, do que tem diante dos olhos. Tanto faz olharmos por através da vidraça ou mesmo diante de um real supostamente dito, dentro do mesmo espaço, porque o imaginário criado nisso tudo é como o fogo que une o todo.
O que estava separado, o que estava distante acaba se
unindo nas chamas. A escritura tem um pouco disso, mas se diferencia por sua
unidade de ser, por sua fonte longe do imortalizado, é como Lyotard falou de
Beckett que fez a “assinatura sofrer”, e ao longe – tudo tem a clareza e
distância, dependendo dos limites próximos e da trajetória, olhamos os traços
da escritura como quem se impressiona. Por vezes, no estranhamento, como se
nada existisse além do que estamos vendo, mas para alguns nada é mais
clarividente do que historicamente está estabelecido.
“O esquecimento do esquecimento não dá oportunidade
apenas às encenações realistas, ele é essencial a qualquer metafísica: ao
esforçar-se por apresentar a própria coisa, fundamento último, Deus, ser, a
metafísica esquece-se de que a presença é ausente. Ter tudo presente é a
bulimia do pensamento ocidental.”
Jean-François Lyotard
(Moralidades pós-modernas, p. 155-156, Papirus,
1996.)
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