quinta-feira, 1 de maio de 2014

O labor da vida – a palavra


Meia-frase, meio-tom, um verbo solto, uma ilusão, a linguagem voa, o labor dos sons, as imagens, a nudez da vida, o vibrar dos tempos, a palavra é sagrada mesmo crua. O sagrado do niilista está na linguagem, a lógica das ideias está no som da escrita, o silêncio é poder ler tudo sem esquecer do presente. O passado é um prédio de todas as línguas, a voz ressoa no esplendor da história. A vida, o caminho, o corpo, as mãos, os olhos, todos, inundam o presente de uma linguagem ausente. O covarde prende os dedos na voz traiçoeira para salvar a integridade do corpus, a linguagem morre nele, a vida não precisa de integridade, a vida é o labor dos olhos, uma pintura no muro, um livro inacabado, a memória do esquecimento é o lembrar dos que lutam.

Nenhum comentário:

Relógio do Ser

  “Deixar de viver fragmentariamente.”   E. M. Forster   Andar, caminhar nas nuvens, deslizando memórias no tempo que desloca a imagem entre...