domingo, 8 de dezembro de 2013

Balada no “FaceBaker”

                               Do filme La belle Noiseuse 


“Acredito que o erotismo está fundado no interdito; que, se não houvesse em nós um interdito que se opusesse profundamente à liberdade de nossa atividade erótica, não teríamos atividade erótica.”

Georges Bataille

Mostre tua roupa, tua boca,
Os teus peitos, os teus enfeites,
O teu corpo, os teus defeitos,
O olho que vê o sol, os sinais da vida,
O alcance dos braços, a voz de um outro lado,
As mãos que asseguram o livro - Os pés,
O andar até a geladeira, o gole de água para não secar.
Mostre um pouco das entranhas, não quero ver poesia,
A tela é um brilho que cega, o ver mais longe está na lábia,
No passo da mulher que saboreia o filme sem manchar o olho.
A ruga que vem ao natural, o seio que vê o horizonte, o cotidiano que arrebata o desejo das noites,
Que atravessa as paredes da idade.
Mostre teu riso, tua boca, teus peitos,
Música para embalar, língua para deslizar linguagem, dias que morrem: o eterno sabor melódico.
Enquanto esse decifrar não chegar ao fim, mostre um pouco de ti nesta balada de Baker.


  Imagem de Emmanuelle Béart  



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