“Acredito que o erotismo está fundado no interdito;
que, se não houvesse em nós um interdito que se opusesse profundamente à
liberdade de nossa atividade erótica, não teríamos atividade erótica.”
Georges Bataille
Mostre tua roupa, tua boca,
Os teus peitos, os teus enfeites,
O teu corpo, os teus defeitos,
O olho que vê o sol, os sinais da vida,
O alcance dos braços, a voz de um outro lado,
As mãos que asseguram o livro - Os pés,
O andar até a geladeira, o gole de água para não secar.
Mostre um pouco das entranhas, não quero ver poesia,
A tela é um brilho que cega, o ver mais longe está na
lábia,
No passo da mulher que saboreia o filme sem manchar o
olho.
A ruga que vem ao natural, o seio que vê o horizonte, o
cotidiano que arrebata o desejo das noites,
Que atravessa as paredes da idade.
Mostre teu riso, tua boca, teus peitos,
Mostre teu riso, tua boca, teus peitos,
Música para embalar, língua para deslizar linguagem, dias
que morrem: o eterno sabor melódico.
Enquanto esse decifrar não chegar ao fim, mostre um pouco
de ti nesta balada de Baker.
Imagem de Emmanuelle Béart
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