sábado, 17 de agosto de 2013

A arte da ficção segundo Henry James

                                Henry James e seu irmão filósofo William James

No livro “A arte da ficção”, traduzido por Daniel Piza, Editora Imaginário, o leitor encontrará Henry James em num ensaio maravilhoso apresentando a “Poética” dele, o que ele considera como romance. O ensaio nasceu em resposta a uma conferência proferida por Walter Besant, em 1844. Enquanto Besant exigia do romance um compromisso moral, H. James rebateu com a importância da criação livre, do valor estético contra qualquer imposição apriorística à arte.


Henry James – A arte da ficção

“A única razão para a existência de um romance é a de que ele tenta de fato representar a vida. Quando ele desdenha essa tentativa, a mesma tentativa que se vê na tela do pintor, terá chegado a uma situação muito estranha. Não se espera de uma pintura que seja tão humilde que possa ser esquecida; e a analogia entre a arte do pinto e a arte do romancista é, até onde posso ver, completa. Sua inspiração é a mesma, sua técnica (a despeito da qualidade diferente dos meios) é a mesma, elas podem explicar e sustentar uma à outra. Seu motivo é o mesmo, e a honra de uma é a honra de outra. Os maometanos pensam que a pintura é uma coisa profana, mas já se vai muito tempo desde que os cristãos pensavam assim, e portanto é mais estranho que na mente cristã traços (ainda que dissimulados) de suspeita contra uma arte irmã subsistam até hoje. A única maneira eficaz de apagá-los é enfatizar a analogia a que acabei de me referir – é insistir no fato de que, se a pintura é realidade, o romance é história....”(p.21-22)


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