No livro “A arte da ficção”, traduzido por Daniel Piza, Editora
Imaginário, o leitor encontrará Henry James em num ensaio maravilhoso
apresentando a “Poética” dele, o que ele considera como romance. O ensaio
nasceu em resposta a uma conferência proferida por Walter Besant, em 1844. Enquanto
Besant exigia do romance um compromisso moral, H. James rebateu com a importância
da criação livre, do valor estético contra qualquer imposição apriorística à
arte.
Henry James – A arte da ficção
“A única razão para a existência de um romance é a de que
ele tenta de fato representar a vida. Quando ele desdenha essa tentativa, a
mesma tentativa que se vê na tela do pintor, terá chegado a uma situação muito
estranha. Não se espera de uma pintura que seja tão humilde que possa ser
esquecida; e a analogia entre a arte do pinto e a arte do romancista é, até
onde posso ver, completa. Sua inspiração é a mesma, sua técnica (a despeito da
qualidade diferente dos meios) é a mesma, elas podem explicar e sustentar uma à
outra. Seu motivo é o mesmo, e a honra de uma é a honra de outra. Os maometanos
pensam que a pintura é uma coisa profana, mas já se vai muito tempo desde que
os cristãos pensavam assim, e portanto é mais estranho que na mente cristã
traços (ainda que dissimulados) de suspeita contra uma arte irmã subsistam até
hoje. A única maneira eficaz de apagá-los é enfatizar a analogia a que acabei
de me referir – é insistir no fato de que, se a pintura é realidade, o romance é
história....”(p.21-22)
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