© Ana Ferrary
A cidade de cheiros, de olhos de cruzada, crucifixo nas
pernas, nos peitos, no pau emblemas, um adeus! A cidade é da gente, é dos que
estão indo embora, dos que chegam aos borbotões, em suas peles, cores, dentes e
gemidos, a cidade está dentro da gente. A cidade de gente que brinda o seu aniversário
na dor do rio que agoniza em suas águas, aos olhos dos viajantes, de gente na
alegria do gozo embebido, de gente que se ferra sem grana no bolso... A cidade
está repleta de gente que morde seu pedaço de vida, que bebe seu vinho, que se
aquece nos braços da gente. A cidade está cinza, a cidade está viva. A
revolução é contínua.
“Mesmo quando o mundo cai aos pedaços, a Paris que
pertence a Matisse estremece com brilhantes e ofegantes orgasmos, o próprio ar
está cheio de esperma estagnado, as árvores emaranhadas como cabelos.”
Henry Miller© Ana Ferrary
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