No seio da luz, o mundo continua a ser o nosso primeiro e o nosso último amor.”
Albert Camus
“O dia nasceu macio e redondo, disposto a furar o silêncio.”
Eduardo Cabeda
Antes do dia acordar, antes de todos os olhos se abrirem, a vida está acessa, o que resta da noite está entre paredes, está no meio das roupas, das pernas aquecidas....o que está na rua está frio, está entre as pernas o frio e o calor da vida desaguando nas ruas da cidade adormecida. Entre os que vivem e os que morrem sobra apenas o resto... todos morrem ao abrir os olhos, os que estão presos em suas vidas, os que mataram, os vampiros do sol...eles se deram de cara com a escuridão... esses, os loucos, sabem morrer e viver na escuridão...não mais saberão enfrentar o frio do dia cinzento, o sol existencial de Meursault do século XXI, ...o grito é outro, o estrangeiro está diante do sol como da escuridão, a saída é correr, morder a manga da camisa, se proteger do veneno, enfrentar os vampiros da ordem...nem toda ordem é uma ordem, é um afronto ao temor, um cão que late, briga na lata...come na mão própria, mesmo sem braços, inventa um prato imaginário, corre até o ônibus, foge para a escuridão da avenida e aguarda o novo dia.
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