“No espelho é domingo,
no sonho se dorme,
a boca fala a
verdade” Paul Celan
A Paul Celan e Walter Benjamin
A Paul Celan e Walter Benjamin
Toda a criação, todo o ímpeto de vida deságua em
ti,
Todo o caminhar, os olhos,
Os escarros te visam.
És a fonte do bem e da tristeza,
Singram em ti barcos,
Bagana de cigarros, toras de dor, mortes
invisíveis,
E um inspirador som no ar.
És o berço único dos sonhos,
Dos que amam e dos que um dia
Foram linchados da cidade.
És o protetor dos dois lados da vida,
Abrigas o bem e o mal.
Das ruas que passam em ti,
Flanam por cima de teu leito
Crianças, o passado nazista, o andar dos filósofos,
a queda, o muro,
O absurdo, o aroma feiticeiro de tuas ancas, de
tuas cozinhas.
Passam em ti todos os sóis e luas dos séculos,
As cores, as mãos do dândi, uma passante à margem
de tua imensidão.
“A
cidade burguesa, Paris-Ville, bem distinta de Paris-Cité, cresceu na margem
direita e sobre as pontes, que naquela época eram construídas por toda parte. Seu
segmento mais influente era constituído pelos comerciantes – entre os quais
liderava a corporação que comandava o comércio pelo rio. O mercado mais
importante surgiu no lugar onde se cruzavam a rua por onde chegavam os peixes e
a rua por onde os camponeses das várzeas vizinhas traziam verduras, junto à
igreja de Saint-Eustache. Trata-se do mesmo lugar onde hoje se encontram os Les
Halles, o mercado Central de Paris.” (Fritz Stahl, Paris Berlin, 1929, p.67)
Fragmento extraído do livro Passagens do Walter Benjamin, p. 838, Editora UFMG
e Imprensa Oficial, 2006.
Escrevi
parte desta pequena ode ao Sena em um café nos Les Halles, próximo onde o
Mercado Central de Paris existiu. Fevereiro de 2012, Paris, janeiro de 2013,
Porto Alegre.
Um comentário:
As cores, as mãos do dândi, uma passante à margem de tua imensidão.
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