A escrita tem seus mistérios, a
simplicidade da escrita está em sua relação com o corpo, a água, e os braços que
edificam os caminhos mais imbricados da narrativa e a linguagem não surge de um
modelo que se aprende em escolas mas da relação do ato de respirar, nadar em sincronia
à imaginação de estar no caminho dos pensamentos e histórias, que necessitarão
depois ganhar forma no momento de narrar o deslizar em águas desconhecidas.
O estilo está na braçada, na respiração
em seu tempo certo, nos pés que se movem em sincronia com o movimento do corpo.
O corpo, ao natural, acelera o ritmo impondo a força que vem dos pulmões, a
respiração cuida de dar fôlego ao pensamento ao mesmo tempo que eleva todos os
músculos no movimento da água, e braços em um sincronismo com a música atravessa
as paredes e rios em direção ao oceano. Esse é o movimento da dança, do corpo
na água transluzente que desliza nos lugares onde os pés não sentem o chão, mas
podem encontrar o caminho em canais e correntezas do ato criativo para depois desaguar
na vida.
O ritmo que a natação dá ao corpo é o
buscar das palavras no silêncio úmido do pensamento: é a melhor maneira de
respirar na sincronia da linguagem com o ato de se exercitar até a exaustão do
corpo. É um cansar sem perder a respiração de vista, porque o estar na água faz
com o que o corpo sinta o coração, o seu bater, e o que se sente é o murmulho
das ideias no movimento dos braços em contato com a atonalidade da água em
ritmos de palavras. O tempo de sessenta minutos
ininterruptos na água, abre os pulmões, oxigena o cérebro e move as palavras
até o outro lado margem da criação em puro ato de concentração e esquecimento.
Um comentário:
Muito bonito! Descreve os sentidos.
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