“...minha vontade não enfraqueceu
por eu não mais consentir em me deixar guiar por fantasmas; por só amar a
realidade.”
André Gide
Minha
flor, os olhos em [dor]... minha fonte de inspiração, os olhos além de ver é
uma precisão do relógio esquecido. Meus olhos sentem. Ontem a vi em minhas entranhas,
meditação e comida, a presunção da inocência morre na fome e na enseada, onde o
corpo desaparece, e mais absurda existência, estás coladinha ao sol, mesmo
assim, cá estou, diante do texto, entregue aos teus pés, Madame.
Tua
alma tem cheiro, que vem das pernas, do hálito salgado da dor, e meus olhos
lacrimejam, minha dor é vista lá de cima da Bretanha, dá volta ao mar, e tua
boca entreabre, círculo das falas, perfura o solitário coração, um desejo de
fugir do país. Eis que me encontro − entre a cruz e o lajeado − percorro o
deserto do Pampa, mais um ato melancólico. O que existe ante do Nada – o espaço-tempo
– em tuas vestes de fugitiva?
Minha
juventude se perdeu no mundo que envelhece, não há trégua, apenas a contínua nave
nas águas com seus braços em movimento, o que nos leva ao infinito morrer na
travessia.
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