Vivo à margem do espetacular, o cotidiano, esse realismo despedaçado, é o movimento mais longo para se chegar à noite. Yo Yo Ma interpretando Edward Elgar, é o movimento mais preciso para não me perder no dia que fracassa diante dos olhos. Por isso, observo daqui, dedos que lacrimejam a solidão do rosto, os cabelos crespos que morrem, o sorriso de uma pele que clareia em pleno inverno, queima no verão parisiense, esvoaça no frio do Sul da Cidade Baixa. Desaparecimento dos espaços que suscita o que se chama de “espaço qualquer”, lugar onde nada mais cabe, lugar onde a imagem é superada pelo presente “outro”. Momento desfigurado, árvores abatidas, folhas que caem em pleno olhar que vem do fundo das ilusões que se perdem quando acaba a música. O filme morre nas palavras do cineasta que decreta o fim do cinema, o fim da vida para ele, o cinema não tem mais jeito, perdeu o encanto, a linguagem já estabelece todas as formas das superfícies, os lugares já estão catalogados. Só nos resta a impressão da última noite, momento certo para se ver mais um filme.
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Um comentário:
tocante biografema...
parabéns...
BEDIN, Jean-luc (1976)
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