domingo, 25 de outubro de 2009

Penetráveis no tempo




O que o tempo faz com os amores é a mesma coisa que faz com o tempo de um autor? A literatura, um pouco é assim, me surgiu essa ideia agora lendo e ouvindo música. Lembrei da frase trazida pelo Nelson Motta do Hélio Oiticica, “o que eu faço é música”. É a teia penetrável do texto, é a teia tanto do texto como do amor.
O movimento é que faz com que as coisas não fiquem datadas. Tal qual a literatura, a música, o amor poderá ter esse aspecto duradouro de vida. A vida do texto, depois de muitos anos, alguns que larguei de mão, não consigo sentir prazer mais, é assim mesmo com o amor ou amor é assim como tudo antes? Sim. Tudo antes tem o texto, a música, a geometria das formas dando tom ao amor no tempo. Então, retomo o tempo de um autor, o texto que não datou porque foi penetrável, um caminho para se entrar, se ler, sentir os lados, todos e a musicalidade dos passos, dos olhos nas páginas como a dança dos parangolés.


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