quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Raízes do Mal de Maurice Dantec


Capa de Eduardo Miotto

Lançamento em outubro de 2009.
Raízes do Mal de Maurice Dantec.
Tradução de Juremir Machado da Silva
Romance que abre a coleção policial da Editora Sulina, "Flores do Mal".


Andreas Schaltzmann começou a matar porque seu estômago estava apodrecendo.
Não era um fenômeno isolado, muito ao contrário. Fazia algum tempo que as ondas cósmicas emitidas pelos aliens mudavam os seus órgãos de lugar. O cérebro dele foi submetido a um bombardeio de radiações com o objetivo de transformá-lo, como todos os outros, num robô sem consciência a serviço de uma maquinaria inumana.
Havia alguns anos que os nazistas e os habitantes de Vega estavam instalados no seu bairro. Era certo que eles não ficavam só ali. Por toda parte, inclusive nos mais altos escalões do Estado, o complô das Criaturas do Espaço estendia as suas ramificações destrutivas. Andreas dava-se conta disso a cada dia olhando os programas de televisão. O apresentador de um jogo conspirava contra o Papa e contra o primeiro-ministro Balladur, tudo levando a crer que transformava as pessoas em bonecos.
Nessa época, Andreas já havia raspado a cabeça para “controlar o osso do crânio que mudava de forma”, mas fazia algum tempo que usava um boné de beisebol para se proteger dos raios físicos.
Naquela manhã, Andreas percebeu que seu estomago estava apodrecendo quando o tubo de pasta de dente começou a brilhar antes de se transformar em carne morta. Uma lama sanguinolenta com cheiro de esgoto escorreu entre os seus dedos formando um turbilhão em torno do ralo e fazendo um barulho incrível de sucção. Olhou-se no espelho e viu o espetáculo de um monte de carne viva rasgando-se em vários pedaços até se espalhar pelo chão.




Capa da edição francesa de Les Racines du Mal

2 comentários:

Fabiano Silmes disse...

Humm parece ser uma leitura interessante...está sua indicação.

Abraços

. fina flor . disse...

ai, meio escatológico, parece.... mas desejo sucesso ao novo filhote

beijos, querido e bom fim de semana

MM.

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...