segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O imaginário do livro em Paris


Paris qui dort

a Júlio Bressane

O que é um leitor? Quais as características dos leitores nessa ponta do Brasil? As respostas são muitas, porque quem pergunta acaba pensando na resposta óbvia, naquela que ele imaginaria ser a melhor adaptada para as questões que envolvem o leitor e o livro. Nesse espaço existe uma máquina de mitos, uma espécie de vassoura imaginária que varre os textos para debaixo da terra, e existem aqueles, também, que convêm e serão varridos para o fundo do esquecimento. Existe a terceira possibilidade, os que são varridos para o centro das coisas, da vida, das opiniões, aquilo que vem para sentar à mesa com as pessoas, dividir a cama, a cabeceira, e terá o espaço para ficar, dormirá ao lado de alguém.
O leitor é essa postura fabricada pela necessidade de encher a cultura de livros. Bons livros não andam ao lado de bons leitores. Penso. Os bons leitores quase sempre acabam um dia se desiludindo com os livros e acabam retornando à cultura popular, da massa, aos cultos, ao jogo, ao vício de viver um dia após o fim do outro dia, fugindo dos bons livros em direção ao paginar do tempo. Minha saída seria criar um leitor. Um leitor que fosse imune a todos os livros, que pudesse ele mesmo saber pensar um novo tipo de texto, um livro, uma linguagem em que a forma pudesse atravessar o tempo irrompendo o conteúdo de signos. Seria a gagueira da linguagem nos olhos do leitor novo.
A desconstrução das ideias antigas, inventando o leitor e não o livro na antiga forma dionisíaca de instaurar o sonho. Digo, então, o tempo há de acordar o livro. Uma ideia imortal atrás do tempo e o ir até o outro lado das coisas inventando autores.

3 comentários:

Su disse...

A linguagem dos livros é tão subjetiva às vezes que quando alguém lê parece estar lendo a própria vida...

bjosss!

Maquinaria de Linguagem disse...

É por aí Su. Beijo

. fina flor . disse...

imagino que sejam fases, querido.... cansamos dos livros e vamos a cultura popular, depois voltamos a eles e desse processo nos tornamos outros ;o)

beijos

MM.

>>> seu post me lembrou o livro 'como falar dos livros que não lemos'

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...