terça-feira, 21 de outubro de 2008

Vitor Hugo e os Miseráveis (em memória ao amigo Turuga)


Antológico cartaz do primeiro show no Zelig Bar, com a banda que o Turuga criou. (Turuga é o primeiro da esquerda, lá por volta dos anos 80 do século XX)

Essa foi uma letra que o Vitor Hugo Turuga fez e dedicou a mim.

Cinema Cego
de Vitor Hugo Turuga

Entrei pelo corredor escuro
desse cinema cego
fundi a trama com meu ego.
Me afoguei numa piscina de absinto.
Confessei quase tudo o que sinto.
Me transfigurei,
fui o bicho preferido de Brigitte.

Eu afundei na poltrona
eu amei loucamente uma dona.
Denise, Isabel, Camille…

Perambulando pelo Sena
revi mil vezes a mesma cena,
e a vida estava toda ali.
Eu lambi o capacho do desprezo,
bebi na taça do desejo.
Como num filme de Jean Luc
revelei meu melhor truque.
Vi Paris depois morri.

Eu afundei na poltrona
eu amei loucamente uma dona.
Denise, Isabel, Camille…

Suei de frio no deserto,
tiritei sem ninguém por perto.
Me perdi por Alphaville.
Esqueci duas ou três coisas que eu sei dela
Fui com ela ao Circo de Paris.
Como num filme de Jean Luc
revelei meu melhor truque.

Um comentário:

Anne Petit disse...

"Eu lambi o capacho do desprezo,
bebi na taça do desejo."

Quando nos revelamos sem truques, a vida perde a cor.
Os truques instigam o desejo, a curiosidade e a criatividade.
E o desejo não vive sem os outros três.
Bom final de semana!

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...