sexta-feira, 11 de abril de 2008

O diário de Sartre







“De nada adiantará anotar aqui só o que é importante. Nestes cadernos devo dispor-me a escrever tudo. Devo me forçar a escrever sobre qualquer assunto.” André Gide

“O diário é uma tarefa, uma humilde tarefa quotidiana, e é sempre com humildade que o relemos. Naturalmente não é e não pode ser nada mais do que isso.” Jean-Paul Sartre



Hoje relendo “Diário de uma guerra estranha” de Sartre, depois de ter extraído o último siso e sem nenhuma ilusão de encontrar o juízo, muito menos o final, me dei conta do quanto o meu interlocutor anda perdido em reflexões tardias. Uma coisa ele se dignifica, a sua crença na literatura e sua ironia diante do vivido e do homem pós-humano. Para Sartre o testemunho de escrever seu diário era o que o diferencia do diário de André Gide, que é uma espécie de reflexo de uma vida, anotações, confissões e atos em si. Com isso lembrei do Homem Nômade na tentativa de testemunhar o seu tempo. Tarefa inútil, assim como sua paixão de ver a humanidade inútil e livre das cegueiras ideológicas e religiosas. Será o blog um testemunho ou uma construção do real que já não está ao alcance dos ideais?
Para muitos o blog é uma ferramenta para falar ao mundo, um ideal de linguagem, lugar de hipertextos que toma o espaço da poesia com uma prosa do futuro. Retorno ao livro do Sartre antes de começar o meu dia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Luis, para mim o blog é oportunidade de um diálogo virtual. Já vivemos em um mundo tão desumano e desumanizado pelas tecnologias que é quse um dever histórico usá-las para restabelecer a comunhão entre os homens. Parabéns pelo blog e pela boa literatura.

Marcus Fabiano disse...

é sempre o memso velho e bom correio, a cavalo, pela flecha, pelo pombo, pelo navio, pelo telégrafo, pelo telex, pelo sedex, pelo cabo, pelo wi-fi. Dizem que logo implantaremos um dente on-line. Dizem que o Luís, depois de Doutor, extraiu o sizo com esse intuito. Dizem...

abraçào, amigo

MF

Marcus Fabiano disse...

aliás, quem não lembra da CRT e do seu muito bom TELEGRAMA FONADO?

risos e abraços. saudades de Porto Alegre!

MF

Ju disse...

viva a falta de juizo, a-final...
beijos, Luis!

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