domingo, 9 de março de 2008

O nomadismo contra o pensamento da catalogação acadêmica


Águas Turvas de Andresa Thomazoni



"Nosso viver é uma série de adaptações, vale dizer, uma educação do esquecimento." Jorge Luis Borges em A Postulução da Realidade.


O processo de refletir sobre os acontecimentos leva o Homem Nômade a pensar exatamente sobre temas, os quais podem se tornar dignos de reflexão. Acontece que ele sempre viu, através dos muros da academia, mais uma exposição dos fenômenos e nenhuma nota de reflexão sobre os fenômenos existentes nas coisas, na realidade. Nomear tornou mais apto o pensar. A reflexão tornou coisa da literatura. A única conclusão do Homem Nômade foi a de que o excesso de informação fez do pensar seres quantitativos. Muita informação, pouco tempo para se resolver os problemas e muito tempo para persuadir com teorias - fortes no sentido de convencimento e fracas no sentido de serem solucionadas com argumentos. Mais uma vez, o idiota acadêmico sempre diz: “ah, isso é bom como literatura”... Tudo porque ele não consegue escrever? Não, porque ele se transformou em mais um catálogo de notas e rodapés que já vem de seus mestres e de outras épocas, nas quais se decretou o fim da reflexão pelo exagero das analíticas da linguagem em fazer tábula rasa do pensamento e dos acontecimentos. Sim, a linguagem é o apogeu do pensamento. Com isso ele se abriu para as imagens e para o silêncio de se pensar com todos os possíveis signos do real esfacelado.

5 comentários:

Marcus Fabiano disse...

1. A filosofia francesa é uma farsa analítica e uma péssima literatura
2. Não nos iludamos: é do caroço do conceito que germina o mundo, mas nem todos tem o "talento" analítico que talvez gostariam de ter
3. A literatura pode ser filosófica, ocmo de resto um vendedor de bilhetes da loteria também.
4. A academia tornou-se o ninho dos burocratas e colecionadores de debates dos quais participam como agentes periféricos que a todo momento, por sua assincronia e sua servilidade, confirmam esse lugar de periferia
5. Penso que a grande questão seja para um filósofo: qual o teu problema? Qual a questão que lateja em tua mente? E para isso...a literatura cria mais confusão do que clareza.
6. Só a poesia aproxima-se como gesto estético-intelectivo da filosofia, o resto é sermão e boa prosa. E não que isso tenha qualquer limitação em si, mas não se prega prego com colher...
abração,

MF

Maquinaria de Linguagem disse...

Meu caro interlocutor. O pensar filosófico não tem país. A analítica é privilégio de quem não foge da discussão. Sabes refletir sobre as questões apresentadas. Apenas não creio que se é possível filosofar só em alemão...rsrsrs. Abraço

Marcus Fabiano disse...

A comunicação não se estabeleceu: não estou defendendo filosofia de país, algum, apenas uma autonomia do filosófico própriamente dito. Para evitarmos as redundâncias e a pretensão de reinventar a roda, apenas. Mas ninguém é obrigado a concordar...afinal o consenso só gera silêncio.

abração

MF

Marcus Fabiano disse...

No mais, belo texto, é bom dizer!!!

Ju disse...

caraca, até me arrepiei!!! acabei de corrigir uma série de trabalhos dos meus alunos da faculdade exatamente sobre esse assunto! sobre como a ciência se torna imbecil qdo se fecha com seu linguajar erudito sobre si mesmo. e a vida lá fora? e o humanismo, o essencialismo, a criatividade, a complexidade? inda bem que há pensadores e acadêmicos como a gente para reverter os fatos...
;-)
beijos!

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