terça-feira, 21 de agosto de 2007

De Nietzsche ao presenteísmo fenomenológico

“Mas o único meio de não ser reduzido ao reflexo das coisas não é, com efeito, querer o impossível?”
Georges Bataille



A irreverência de Nietzsche em fazer a transmutação de todos os valores levou o filósofo a inundar o século XX com aforismos. Em um estilo de pensar sem as rédeas da cavalaria oficial do pensamento racionalista. O filósofo foi além das certezas. Acabou de consumi-las em seus momentos de plenitude e solidão dos aforismos que veio para alegrar e não para o lamento.
A idiossincrasia do pensador, dado às polêmicas, foi o que o estigmatizou, porém seu estilo é uma nova forma de pensar a realidade. Atrevidamente sempre atentou contra à moral. No Crepúsculo dos Ídolos, o pensador ataca:

"Se nós, os imoralistas, causamos dano à virtude? Tanto quanto os anarquistas o fazem aos príncipes. Só depois que se atira contra eles é que eles voltam a estar firmemente assentados em seu trono. Moral da história: é preciso atirar contra a moral." (Nietzsche)

É preciso passar da lógica cartesiana, aristotélica para uma nova forma de pensar a cultura.
Michel Maffesoli, herdeiro do pensamento fenomenológico e da sociologia compreensiva, faz a crítica à modernidade de forma lúcida. Sem vacilar, num estilo próprio, o sociólogo fará o contorno crítico do pensamento do século XX. Por que contorno? Maffesoli se vale dá mais autêntica tradição nietszchiana de escrever no traço de G. Bataille.
Na margem marginal do pensamento, o sociólogo faz a crítica do pensamento moderno à crítica de sua valoração teológica. Aquilo que Bataille retira de Nietzsche para ver o mundo cristão com sua moral, Maffesoli o faz na sociologia e na política para desconstruir a projeto salvador do pensamento moderno.
A unidade e a linearidade são partes de um todo, de um projeto moderno que compõem o ideário moderno. A nova sociologia, se é que se pode dizer, sua tarefa metodológica é justamente pôr em cheque o postulado da totalização do sujeito em nome de uma moral teleológica.
O cotidiano é a matéria prima. O estar-juntos pressupõe a polissemia na pluralidade e nas contradições. O que na modernidade juntava, unia através da razão, na sociedade contemporânea é separado. Depois se une orgiasticamente no coletivo tribalizado. O estético é filho da cultura de massas,

"E o estetismo estigmatizado pode ser justamente uma sensibilidade teórica, que nos permita apreciar a beleza da desordem aparente, sua fecundidade também... Ao contrário do moralismo, o estetismo remete a uma forma de assentimento à vida. Nada do que a compões deve se rejeitar. É um desafio por aceitar." (Maffesoli)

O espírito dionisíaco permite esse novo homem a sentir a arte. Esse é o homem que surge nas ruas de Paris com Baudelaire, em Rimbaud e perpassa o século XX com Camus até os transeuntes do Século XXI.

3 comentários:

Anônimo disse...

Luis, dá uma olhada neste blog de "filosofia".
http://filosofilo.blogspot.com/
Há braços!!

. fina flor . disse...

que raaaaiva!!!
escrevi um monte e na hora de enviar minha conexão caiu e perdi.

por ora, digo apenas que amei isso

“Mas o único meio de não ser reduzido ao reflexo das coisas não é, com efeito, querer o impossível?”

e que para mim a nova sociologia é a psicologia, esta última que tem se tornado cada vez mais na sociologia do homem.

beijos, my dear

MM.

Ju disse...

Por Apolo e por Dionísio eu te digo: viva a complexidade e viva a comtemporaneidade!
:)*

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...