“[...]
Ó míseras cidades de homens ardilosos,
Ó
desprezíveis gerações de ilustrados,
Perdidos
nos dédalos de vossa ingenuidade,
Vendidos
aos dividendos de vossas próprias invenções.”
T.S.
Eliot
Não há necessidade alguma de fechar os sonhos,
de interromper a leitura, de fechar as portas, de parar de inventar histórias,
de viajar ao nada, de atravessar o oceano, não é preciso interromper o fluxo
sanguíneo das ínfimas investidas na vida, não porque, tudo numa mesma coisa, é desde
sempre, correndo do absoluto, do medo de viver sem propósitos, e tudo que nasce
no dia, e que o acompanha nas tentativas de deixar morrer é o mesmo que te faz
um sobrevivente, morto, e diante do nada, nasce o absurdo dos projetos
inacabados, e de repente, surge um texto novo para ler, para sonhar em
construir um lugar bom para acomodar sua dor, para dar mais afeto a sua vida,
de começar novamente, e diante de mais um livro, um filme, um embeber-se de
tanto amor e vontade de ir mais longe, de voltar no tempo que não é seu, que é
do passado, e mesmo melancólico conseguir sorrir e iludir-se com a vida, como
se existisse um paraíso a sua espera, como se pudesse dormir a noite toda, acordar
ouvindo música, ao lado de uma mulher, de si mesmo, sozinho, sonho de ter tudo
isso no seu tempo, e, depois, de muito ler, trabalhar, morrer feliz, bem longínquo
do medo de acordar para mais um dia de sonhos, e de promessas, do acaso, das
constantes e absolutas verdades que é viver, e ter que se deparar com tanta
coisa ruim, injustiças, em si, no outro, na existência de ser o Outro, de
morrer iludido com promessas feitas por sua teimosa racionalidade, e devaneio de
querer vencer em algo uma só vez na vida. Se Deus é onipresente, bem que
poderia salvar os seus seguidores. E se no mundo somos todos nós, aqui dentro,
já dizia meu amigo Luiz Mauricio, estou em toda parte.
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