“Somos
uma barragem onde se acumula o tempo, que se precipita em nós mesmos quando
surge aquela que esperamos.”
Walter
Benjamin (Passagens)
Faz luz, faça chover, faça bolo, o café
acorda antes de mim,
Faço rímel, risos dos olhos escuros,
Coração guarda um segredo, flanar do mal,
A dor expõe o silêncio da vida, a pele
arrepia as cores.
O equilíbrio das pernas combinam mais com o
movimento,
O tempo dos braços é tão longe, tão perto
do coração,
Distante do vírus de uma modernidade em
fuga,
O contentamento do corpo pela casa, pensamento pelo mundo.
Um convite, um gole, uma filosofia, um vão
da alma,
O que escorre é o suor do medo, o tempo
acalma,
As mãos tão distantes, o beijo atrás da
vidraça,
A lágrima é pura intimidade, vives tão só.
Um Benjamin nos boulevards internos, à
margem do rio,
O passante leva consigo o poema, retorno ao
mar,
A passage
de Montmartre é para além do medo,
O voltar da imagem que desaparece no
nevoeiro,
Atravessas países, os limites da vida.
Nada descansa a alma enquanto a liberdade estiver sob ameaças.
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