domingo, 8 de dezembro de 2019

Noite



“És pequenina ris... A boca breve...
Cofre de beijos feito sonho e neve!”
Florbela Espanca

Teus olhos notívagos vindos,
Deslizam nossas mentes, cravam a cor,
A tua audição ninguém decifra melhor o som,
Ouvido atento, capta a fonte da canção do longe.

A solidão dos outros, a tua doçura,
A boca é mais sede menos meio deserto,
Das vozes, meia taça de vinho, por inteira,
A roubar a solidão do silêncio e dar brilho à casa.

O rio é distante, a lua brilha nos olhos, finito perene,
A lua está na tua voz, embarga os pensamentos,
O Silêncio diante do racismo, o rio vaguei uníssono,
Tua voz é plena contra o Silêncio.

Teu sorriso confronta com a tristeza do país,
Brilha na leveza depois que nos olhar,
Nada é perdido em teus sentidos aguçados,
Te manténs firme, por inteira até na hora da partida, adeus.

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