Imagem: Cannes - France
“O que é explicado como ideia e não como definição.”
Werner Jaeger
Coisas
do mundo existem, digo, as mais preciosas e estranhas estão aqui no Brasil. Vivemos
no país digno de ficção, um prato cheio para a literatura. Alguém escreveu que
este país está virando um hospício. Estou sentindo em mim pequenas
transformações no humor, na paciência em lidar com os objetos, com imaginário e os
mais palpáveis tipos de estranhamentos. Como ligar o mundo concreto, aquela
construção da consciência de Herder, em que o acolhimento histórico ligava a
vida ao futuro? Estamos no tempo das
versões e superações dos apóstolos da decadência dos valores modernos, a
história já não é um caminho inexorável, o retorno é uma versão idealizada do
que já foi o concreto estar no mundo.
O
mundo parece estar novamente no dilema entre o domínio das coisas, de um
lado, no obscurantismo do que foi dado, e o retorno cego ao princípio das leis
monoteístas sobre a vida. O que é de espantar, de ver os que um dia conheceram
a história hoje se deixam levar aos princípios de crença religiosa para
explicar a realidade. Vivemos
o tempo de que melhor é ser obscurantista do que perder o controle absoluto
sobre o Outro. Os dois sempre sonharam ter às rédeas da vida e da história.
Um
exemplo de pragmatismo, da essência cega do conservadorismo, lidar, manipular
dados com os serviços prestados por empresas aos seres pós-humanos, aos abjetos
seres que povoam o planeta Terra. Estamos virando personagens de um mundo que o
absurdo é simplesmente não mais uma digressão filosófica ou experiência
existencial, mas para estarmos dentro da salvação e do núcleo onde o bem possa
estar, devemos compartilhar esse tipo de terapia fundamentalista contemporânea
das redes sociais aos templos em que seus guardiões estão galgando o poder da
gestão dos povos.
Existe
uma saída, em que possamos ver as coisas mais definidas em suas verdades e
fragmentos? Retorno ao tempo da reflexão, da livre educação, de separar a vida
do que é lei de princípios religiosos, existe sim, caminhos diversos, em que a
consciência histórica, o legado da modernidade não se deixa morrer no desejo
totalizante de dominar o Outro em nome de uma só Verdade. Convido a todos a
tornar mais complexa a vida, voltar à leitura de tudo, do clássico ao
contemporâneo. Não se trata da busca do Uno, escreveu Jaeger no ensinamento de
Platão “A virtude é sempre a mesma”, e que podemos aprender é que ler nos abre
a compreensão melhor do mundo.
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