segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Tempo Outro




“Não há outro tempo que o agora, este ápice
Do já será e do foi, daquele instante...”
Jorge Luis Borges (O passado)


Ao descobrir o que há por detrás daquela parede, descubro o outro lado, ao descobrir o outro lado, busco o que existe dentro de mim, o desconhecido. Vivemos trancafiados no mundo real, ideias desviam-se dos acontecimentos. O Real nos deixa mais vulneráveis às extremidades da mente, fazer o resumo das coisas, viver a realidade que inventaram, forjar outra. A tentativa de viajar no Outro é a busca de si no que há de diferente no tempo presente; ao passado, a tentativa de olhar com os olhos livres da realidade, que se afirmaram por estar indo ao futuro.
A engrenagem, dizia Sartre. Digo, reatividade, se o tempo é descontínuo, Levinas estaria a me levar ao descontínuo do tempo que constitui a reserva das ideias sobre o Tempo. Pensar e viver o tempo, como o filósofo pergunta, por que é preciso ir para o bem, o mal, a evolução, as fraturas, as separações? Por estarmos diante de que o “recomeço no tempo descontínuo traz a juventude e a infinitude do tempo”.

O que vejo sempre quando ouço uma história, um pequeno relato, a descrição que me encanta. O que ouço logo cai num buraco desconhecido do meu entendimento: o desconhecido mais íntimo de mim esquece o que chegou e permito-me esquecer, momento. Logo começo a perceber o tipo de desconhecido, experiências internas que acabam de ganhar espaço no meu tempo do pensar.


Nenhum comentário:

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...