terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Transitórios

                                     




“A poesia se torna (... ) se reduzida à sua essência silenciosa: um andamento e um desdobramento de puras relações, isto é, a mobilidade pura.”
Maurice Blanchot

Entre a ponte e o continente, estamos nos dois lados ao mesmo tempo. Percorremos os caminhos na metáfora da liquidez, o lado mais próximo da salvação é se distanciar das promessas, da segurança garantida que tínhamos sob a égide de um tempo de racionalidade fácil. O mundo antes de sua liquidez explodiu. Antes mesmo de juntarmos os pedaços, a razão não deixou de espiar o presente com os olhos no futuro, a razão flertou com o lado mais duro da vida. Sempre penso: se sairmos desta armadilha, quantas outras teremos pela frente? A crítica enfurecida da modernidade bem que tentou, demonizou o quanto pode as formas lúdicas de vivenciar e constatar o mundo em movimento.
A socialidade, o vivencial foi resgatado no lúdico, entre a forma e o conteúdo, vieram “baumans” na fluidez dos acontecimentos e das rupturas com verdades eternas.  
Na tradição anárquica e libidinosa do pensamento ocidental, na esteira humanista de pós-ilumistas, homens com sensibilidade rara souberam prover-se com o que havia de melhor dos signos, das significações de um tempo em que estar face a face era produto da responsabilidade social para uma responsabilidade que o “eu” e o “nós” nos enredamos em Ato e Vida. Bauman foi um desses, humanista, homem de pensamento que via no Outro o seu lado mais responsável. Se ver nele mais um igual sem fronteiras. Humanos simplesmente. Precisamos de homens assim, de Bauman na simetria dos significados e das responsabilidades é “que a liberdade do eu ético seja talvez, paradoxalmente, a única liberdade que se veja livre da sombra ubíqua da dependência.”












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