sábado, 14 de janeiro de 2017

Eternidade(s) do Tempo

            Imagem: Arturo Nathan “O mar de gelo” ou “O exilado”


“O tempo é pensado por nós antes das partes do tempo, as relações temporais tornam possíveis os acontecimentos no tempo. É necessário, pois, correlativamente, que o sujeito não esteja situado nele para que ele possa estar presente em intenção tanto no passado como no futuro.”    Merleau-Ponty




Ou seja, o tempo não é mais um “dado da consciência” e que a consciência torna-se parte do tempo. O tempo ideal é o tempo que se deixa desamarrar do presente. Ele está amarrado no cais, diante do passar dos dias, o presente nunca é o mesmo porque supõe-se um futuro diante do passado que nunca deixará de ter suas marcas na parede da velha casa. Como trilhou Ponty, “Não estamos sempre tão longe de compreender o que podem ser o futuro, o passado, o presente e a passagem de um ao outro?”...Eis o emaranhado do tempo no retorno ao cais. A posição dos barcos na certa não está mais em consonância ao olhar do dia anterior, nem do segundo no passo a passo da rua que vai do cais os barcos: mudara a posição e o sentido é o mesmo apenas no objeto imanente da consciência. Primeiro o pensar sobre o tempo. 
Depois, tudo muda na série das relações possíveis, dos passos, da distância entre o que se imagina e o existente. O existir nunca estará completamente constituído do tempo, o absoluto não percorre esse espaço, o passado, o presente e o futuro não se completa. Continuará sua extensão na linguagem, no olhar que vê a imagem do tempo no cais, na velha parede que envelhece com o cansaço da permissão da memória em pensar o tempo.

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