quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Livro de Águas

                                Sobre foto de Bebeto Alves - Arambaré - Lagoa dos Patos



“Disse que seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia tem princípio ou fim.”
Jorge Luis Borges


Pássaros de um real que não existe sobrevoam todas as manhãs a janela do meu quarto, então, existe é o que estou a sentir. O que está lá fora está mais vivo do que nunca. O olhar primeiro sente antes de começar a ver, vai à base, o espreguiçar primeiro, o som, percebe-se o tempo vivo por dentro... O que está fora já existe sem precisar dos meus pensamentos.
O acordar é estar dentro de um mar eletrizado da natureza. Água por todos os lados. Os braços só são fortes se o pensamento estiver em consonância com o corpo. Existem métodos para se atravessar um oceano, um país de águas, passar por uma vertente sem ser soterrado pelo medo. Gostaria de ter um livro de águas, um livro sem princípio ou fim.




Nenhum comentário:

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...