“Disse
que seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia tem
princípio ou fim.”
Jorge
Luis Borges
Pássaros de um real que não existe sobrevoam todas as manhãs a janela
do meu quarto, então, existe é o que estou a sentir. O que está lá fora está
mais vivo do que nunca. O olhar primeiro sente antes de começar a ver, vai à
base, o espreguiçar primeiro, o som, percebe-se o tempo vivo por dentro... O
que está fora já existe sem precisar dos meus pensamentos.
O acordar é estar dentro de um mar
eletrizado da natureza. Água por todos os lados. Os braços só são fortes se o
pensamento estiver em consonância com o corpo. Existem métodos para se
atravessar um oceano, um país de águas, passar por uma vertente sem ser
soterrado pelo medo. Gostaria de ter um livro de águas, um livro sem princípio
ou fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário