“por onde ela quer descer, a estrela:
para embaixo nadar, embaixo,
onde se vê cintilar...”
Paul Celan
Devir é transformar o Ser no que é,
Ser é além do vir a ser,
Nadar é olhar o rio,
Celan em poética do sentir.
Ver é o Ser que atira na vida, água,
A expressão da contradição que molha,
O manto, o corpo se move, sentido,
A projeção da linguagem no absoluto, a morte.
Devir é o velejar, o pensar no lago,
O Nada é o descontínuo cruzar da diferença,
O corpo é mais rápido que o olhar,
Atravessa a margem, é o descobrir o lado seguro.
A lógica da vida é o sentir, descreve o conceito,
É o que está na essência,
É o que trata do Ser, a expressão do
“ondear das palavras errantes”, a diferença.
É tudo mais prazeroso, o que se lê com calma, a alma do
absoluto desejo do leitor, o prazer de ler é quase Deus, retorna à compreensão
ao texto, tudo faz sentido. Ao interpretar o texto, ao ler o poema, esse é o
momento mais apropriado para se orgulhar do esforço, o corpo agradece, o todo
está presente. Os olhos podem cansar, mas a leveza das pedras na leitura dá
sentido ao sentir o melhor das coisas.
Paul Celan, para o escritor Paul Auster é “o melhor
poeta do pós-guerra em qualquer idioma”, me uno ao Auster no diz o melhor dos
poetas. Leio e releio Celan com o renovado olhar que se inicia a cada ano que
surge em minha vida.
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