“Anseio que tudo desapareça. Desapareça obscuridão.
Desapareça vazio. Desapareça anseio. Anseio vão que desapareça anseio vão.”
Samuel Beckett
Tenho caminhado na
obscuridão, na mesma calçada, penso que tenho ido bem até hoje. Solidão sem
dor, sem referência definida, um ato de apagar as luzes, se sentir entre o medo
da escuridão e o viver com a falta de luz, na escuridão é que vivo só e bem
acompanhado pela penumbra da luz, o abajur à meia-luz, o lusco-fusco do olhar
as luzes da cidade ao fundo. O mar é a obscuridão do olhar perdido, é o apagão
do olho a obnubilar o pensamento que morre de medo da escuridão, o mar é a
escuridão do dia que vira do avesso o voo cego do navegador. Pensar sobre a linguagem
é usar as cores do signo diante do obscuro olhar perdido na margem. O
neologismo me salva da obscuridade da luz que nem brilha nem embaça o caminho
do caminhante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário