“Pois não há mais tempo. E é o fim do tempo que
começa.”
Paul Auster
O que nos faz viver, o que nos renasce de dia e nos
escurece durante a noite? O que é esse mistério que se intromete na vida, nas
pessoas comuns, o que é essa névoa que vem durante as manhãs de outono e some
no sol dos dias de uma cidade pequena? Um sol que corre do horizonte e passa
por cima de casas, de praças, que fecha os bares noturnos e adormece os
notívagos?
Acordei agora nesse sobressalto, a pensar na vida, nos
irmãos, nos que ficam, nos que estão partindo, é como o trem que está a dar o
sinal de partida na plataforma da estação. Nas lágrimas dos velhos que ficam,
dos filhos que partem e uma gota de vida escorre entre os dedos dos pés
descalços que atravessam a Praça Nova, que no ritmo dos sons da terra, do uivo
dos cachorros e no riso das putas, avança rumo a um mundo novo.
O que nos faz viver é como a música eterna, pagã, sagrada
e finita das estações, é por onde a vida passa e o sonho do irmão segue tranquilo
ao outro lado do rio de volta para casa.
2 comentários:
Refletir e poetizar a vida. Lindo.
Muito bem, Tubarão.
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