“Quem anda de cabeça para baixo, senhoras e senhores, quem anda de cabeça para baixo tem o céu como abismo.”
Paul Celan (Cristal)
“Não somos nós mesmo que compreendemos, ali. É sempre um passado que
nos permite dizer: compreendi.”
Hans-Georg Gadamer (Verdade e Método II)
O tempo é o único momento que existe como real e como
abreviação daquilo que está como existir, como “é”, o tempo é sendo, então, a
partir deste instante ele deixa de margear o real, passa a ser para muitos uma
invenção literária, para outros uma metafísica que não diz nada diante do
absoluto do real. Mas o real não existe no momento, então, o tempo é muito
maior que do que se imagina, não se tem a percepção, não se guarda, se
vivencia, seja no subjetivo, no público, e em todas as esferas humanas há de estar
o pensamento a jogar pedras no tempo.
Esse brincar no tempo é parte da datação, do dia-a-dia, do
que acontece em que o ser-no-mundo está ali independente do desejo de estar, a
natureza faz a sua parte, o tempo é como o mar, a metáfora do alargamento dos
dias. O mar também vive, entre todos os tempos, datado, e o que o ilumina é o
que o encobre diante dos olhos e vivencia o tempo como guardião do horizonte.
Heidegger discorre sobre o ser no tempo – “O sol data o
tempo interpretado nas ocupações. É dessa datação que nasce a medida, mais natural,
do tempo, isto é, o dia”.
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