segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lígia


“Tudo que pode me acontecer através de um contorno, de um rasgo, é bom para me raptar...”
Roland Barthes


O Teu olhar preso no desejo
O andar pela casa em dedos leves,
presa feito peixe de vidro.

O teu olhar medroso, o afiar dos meus dentes
com a libido morde até alisar,
sobe acima com a força dos quadris
como uma tempestade de verão.

O teu olhar é mais ousado: fareja,
atrai as chuvas, o choro dos homens,
lava as calçadas com sexo,
arrasa as plantações,
como se fosse o olhar de uma única mulher a sofrer no mundo.

O teu olhar machuca nas despedidas,
pernas sobre o corpo, cigarros de ócio,
paixão que aquece os olvidados.
É o sabor de menta...
Culpa de mulher que luta
contra o sono.
MALEDICÊNCIA dos tambores que fogem da morte.
(15 janeiro de 1999)







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