“Tudo que pode me acontecer através de um contorno,
de um rasgo, é bom para me raptar...”
Roland Barthes
O Teu olhar preso no desejo
O andar pela casa em dedos leves,
presa feito peixe de vidro.
O teu olhar medroso, o afiar dos
meus dentes
com a libido morde até alisar,
sobe acima com a força dos
quadris
como uma tempestade de verão.
O teu olhar é mais ousado:
fareja,
atrai as chuvas, o choro dos
homens,
lava as calçadas com sexo,
arrasa as plantações,
como se fosse o olhar de uma
única mulher a sofrer no mundo.
O teu olhar machuca nas
despedidas,
pernas sobre o corpo, cigarros de
ócio,
paixão que aquece os olvidados.
É o sabor de menta...
Culpa de mulher que luta
contra o sono.
MALEDICÊNCIA dos tambores que fogem da morte.
(15 janeiro de 1999)
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