“E que cheiro que
sai dos nervos dele,
Embora o caio
roído, cor de brasa,
E lhe doa talvez
aquela pele!”
(O muro – Pedro
Kilkerry, 1921)
Meu
sonho era só teu, minhas lágrimas ficaram entre o travesseiro e o frio,
A vida disse
nada
Ao redor
ela dormia,
As mãos
foram diretas em minha alma,
A
salvaguarda do passaporte,
A
identidade nua,
Minha própria
pele longe da morada do Ser.
A ladra
dos sonhos.
O
silêncio em teu corpo era a distância entre a Gare
Montparnasse e
Saint-Malo.
Um trem
que se perdeu no mar.
Minha
dor foi eterna, eu dormi até o fim da viagem.
Nós dormíamos,
os teus cabelos escuros em minha noite,
O cheiro
de cigarro na casa, o vinho derramado,
As tuas
ancas ficaram frias, fugiu de mim, ao longe,
A
sonoridade das cores, as louças e as chaves desapareceram.
Acordei
em lágrimas, acordei o silêncio com a dor, a casa saqueada,
Como a
noite, a tua música matou o escuro, congelou meu sonho.
Acordei
em ti, perto dos teus ombros, o tilinto do sono ao nosso redor.
Sorri
para a manhã chuvosa.
Paris
respirava comigo, pouco importa se tinhas partido.
Os amigos
cuidam do café e o sol do outro lado da cidade silencia a noite.
Um comentário:
meu sonho era so teu, minhas lágrimas ficaram entre o travesseiro e o frio e a vida disse nada....só por isso ja valeu.
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