domingo, 3 de maio de 2009
Morin no Prefácio que fez para o L'An Zéro de L'Allemagne
Foto de Ana Cláudia Rodrigues- Morin e o editor em 2008
A cada uma de minhas escapadas para Paris, contava minhas experiências e descobertas a meus amigos Robert Antelme, Dionys Mascolo e Marguerite Duras. Robert Antelme, que se safara miraculosamente da morte no campo de concentração de Dachau, havia decidido criar uma pequena editora e sugeriu que eu escrevesse um livro sobre a Alemanha a partir do que eu lhe contava. A princípio, para a narrativa de sua experiência no campo de concentração, ele havia escolhido o título “O Ano zero”, mas desistiu dele, substituindo-o por “A espécie humana”, deixando o Ano zero para meu livro.
Em Baden Baden, comecei a escrever nas horas vagas e também à noite entre os amigos. Eles conversavam e eu escrevia. A partir de minhas experiências, das permanências nas diversas zonas e dos boletins de informação americanos e britânicos, reuni inumeráveis notas que depois organizei, unindo ou separando-as por temas e, em seguida, elaborei os esboços dos capítulos. Talvez tenha retirado indevidamente deste livro os episódios pessoais como os encontros com Heidegger, a entrega à esposa do marechal von Paulus da primeira carta que ela recebera de Stalingrado, as visitas a Berchtesgaden, minhas idas a Berlim, minhas relações pessoais com antinazistas que se tornaram meus amigos e tantos outros acontecimentos que agora me vêm à memória.
O Ano zero da Alemanha foi o primeiro livro publicado após a liberação cujo conteúdo não era antialemão. Rejeitei a idéia de uma culpabilidade do povo alemão em favor da idéia da responsabilidade que o futuro Estado deveria assumir reparando os danos causados pelo nazismo.
Tradução de Edgard de Assis Carvalho e Mariza Perassi Bosco
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4 comentários:
Parabéns, Luis. Grande iniciativa a sua. Quando estive em Auschwitz e Birkenau encontrei as fichas dos meus antepassados polacos que viraram cinza nos fornos. Procuro hoje pelas correspondências do embaixador alemão do Brasil informando a Hitler que Vargas jamais aceitaria alinhar-se ao eixo. No mais, um abraço. O livro será recomendado. Morin como pensador nunca me fascinou, mas em Paris sempre gostei de ouvi-lo falar, como uma espécie de reserva ética ainda ativa na sua...resistência.
abraços, parabéns
MF
amo de paixão, amo, amo.
salve Morin.
beijos, querido e boa semana,
MM.
Vou copiar!!! Hehehehhe!!
Seu blog esta cada vez melhor!
Vc é cheio de talento :)
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