367) A imagem mental é a imagem que é
descrita quando alguém descreve sua imaginação. (Wittgenstein)
Comer todas as palavras e certezas de
palavras, vãos em muros, filamentos do tempo, a história, paixão e fome dos
olhos, diafragma da alma, um escape de som, uma luz entre os corpos, um resto
de palavras, o som quase silêncio entre o medo e a revelação, a fome do desejo
nas paredes do tempo, e o corpo abundantemente dança em luz que suaviza os
movimentos, o som perdido entre os livros, uma letra entre as letras, a
formação de nuvens no outono, o céu se fecha, os olhos de sal, mareados, o
instante final do esquecimento desaparece entre os restos dos dias, afasia da desrazão
em águas profundas, um mar de realidade, um revestimento encobrindo a palavra,
a claridade na luz do sol cortando o revestimento, o emergir. De volta. É como
trazer as palavras e o corpo de volta à superfície.
E os braços em longos, demorados movimentos,
chapinhar entre plantas submersas, mistura de cansaço e carpas passando rente a
pele, próximo do fim, o dia, um nadar quase na escuridão do lago adormecido, um
outono de esquecer o que já viveu. Sem salva-vidas, ler o livro, entre folhas
úmidas, os braços no ritmo do nadadores que buscam a liberdade no ato, no
primeiro capítulo da viagem sem lugar para acabar. A imagem mental do nadador é
quando ele escreve sua liberdade, descreve nas braceadas, sua imaginação
naquilo que se esgota, não acaba nunca, pois é velejador sem fim.
(123) “O problema filosófico tem a
seguinte forma: ‘Não sei me orientar em meio a essas coisas’ “.
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