By Nilson Lopes - Leitora urbana
“Nossos
sentidos se desenvolveram de maneira diferente, e por isso precisamos usar a
imaginação para ter uma vaga ideia do que acontece dentro das árvores.”
Peter Wohlleben
O coração teme,
sobreleva-se, alcança a dor do pensamento. O exercício de dar vida e sentido às
frases é a metáfora movendo o fora do lugar. A linguagem que gagueja, cresce em
momentos de perplexidade, nos momentos da solidão se põe a fazer versos, à
deriva.
Cria das histórias
imaginárias, teorias no caminho, no andar em direção ao lado de lá, é este
homem em páginas amarelecidas, em voz metalizada nas crostas de uma árvore
secular. O melhor de tudo é quando o sonho é capturado logo no momento do
acordar, anotações salvas, o sonho ganha uma vida. Meandros do inconsciente, tão
real, um tipo de retomada de roteiro perdido. A adolescência está por trás da
casca, no momento mais povoado do corpo, a solidão profunda adormece, acorda no
sonhar de outro ontem.
Lá parado no tempo, toda juventude ainda suga seu vigor, passam próximo, adormecem no dorso quente deixado pelo sol da tarde, partem, noite a entrar como um sopro frio que vai dormir, que vai sonhar, que mais um dia morre na dor do que já amou. Bem cedo, conta as pratas a seus pés, bebe o sulco noturno, olha para o distante céu que jamais irá desaparecer, deixa novamente o sol bater em suas garras e folhas, rejuvenesce. Aguarda o dia todo passar devagar, no alto da sabedoria, sabe viver, despedidas são parte da troca de sonhos, como se novas folhas pudessem lhe dar a imortalidade.
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