domingo, 10 de abril de 2016

O tempo das palavras



“O modo de temporalização em que a atualidade ‘surge’ funda-se na essência da temporalidade, que é finita.”
Martin Heidegger

Ando sem o meu “tempo” para escrever, é como uma doença, andar em busca do seu próprio tempo, quase me perco nesta procura. É como estar em alto-mar, perdido, em busca do tempo, uma saída da imensidão, a procura enlouquecida que nunca nos leva a nada. Eu sei. A poética está perdida. O texto perdido soa como se fosse palavras, músicas sem autoria, sai da boca, desarticulado se perde na imensidão. O tempo não é mais imponente do que se pensa ser quando intuído. É o movimento que faz do tempo esse mar sem saídas, a imensidão não me convence da eternidade. Ando em busca do Nada.
O tempo que busco não é de ninguém, mergulho nas palavras que se reúnem nas águas do pensamento. Consigo ficar a frente do barco, olhos perdidos na escuridão, a luz que vem do fundo, mar e céu fazem o ritmo da escritura. A palavra é um segredo ou é a bússola que desata os sentidos que se perderam? Andar sem tempo e buscar a infinitude dos sentidos parece ser o mesmo absurdo do que querer um mar sem segredos.


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