“Torres de sinos
cantam ideias das pessoas. A música desconhecida escapa dos castelos de ossos.
Todas as lendas evoluem e veados invadem burgos. O paraíso de tempestades
despedaça. Selvagens dançam sem cessar a festa da noite...
Que braços bons,
que hora adorável vão me devolver essa região de onde vêm meus sonos e meus
movimentos sutis?”
Arthur Rimbaud
Meu último absinto foi ontem, noturno gole
de secar a pele, de queimar os olhos e azular a visão diante de uma cidade que
dormia. Fiquei sem saber o fim da história do filme que via ‒ ação e pensamento
não me desceu bem, fui até o armário de madeira envelhecida e o vidro
transparecia a garrafa intacta de um absinto do passado, nunca mais tinha
provado o noturno silêncio da província. Minha cidade não é minha, meu olhos
são meus e de quem eu vejo e dorme no quarto ao lado. A cidade soube me receber
esses anos todos, bebo o último gole de absinto a molhar a garganta deste
fim de mundo.
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