sábado, 15 de novembro de 2014

Cidade Noturna de Rimbaud


“Torres de sinos cantam ideias das pessoas. A música desconhecida escapa dos castelos de ossos. Todas as lendas evoluem e veados invadem burgos. O paraíso de tempestades despedaça. Selvagens dançam sem cessar a festa da noite...
Que braços bons, que hora adorável vão me devolver essa região de onde vêm meus sonos e meus movimentos sutis?”
Arthur Rimbaud


Meu último absinto foi ontem, noturno gole de secar a pele, de queimar os olhos e azular a visão diante de uma cidade que dormia. Fiquei sem saber o fim da história do filme que via ‒ ação e pensamento não me desceu bem, fui até o armário de madeira envelhecida e o vidro transparecia a garrafa intacta de um absinto do passado, nunca mais tinha provado o noturno silêncio da província. Minha cidade não é minha, meu olhos são meus e de quem eu vejo e dorme no quarto ao lado. A cidade soube me receber esses anos todos, bebo o último gole de absinto a molhar a garganta deste fim de mundo.

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